terça-feira, 20 de agosto de 2013

O Cúmplice e o Assassino - Capítulo 12

12

...E assim foi. 
Um August mais velho tentava de toda forma animar sua sobrinha, uma moça de cabelos castanhos, de olhos bem negros e redondos. August sabia que não era fácil ficar sem pais, principalmente nessa idade, mas a trágica realidade tirara Isadora e Michael de sua vida. 
        Juliet era uma miniatura de Isadora, magra, esperta, bonita. Tinha quinze anos, e ao invés de esbanjar energia, se retinha sempre num canto da casa de August, que a acolhera após o acidente de carro em que sua mãe e seu pai morreram. Uma fatalidade. 
        Abeline ainda trabalhava para August, na realidade, todos os empregados antigos permaneciam ali, muito mais enrugados é claro. Ela tentava animar Juliet também, às vezes até conseguia extrair um sorriso torto, bonito, mas ela sempre andava tristonha pela mansão. E quando não fazia isso, confinava-se em seu quarto. 
        Fabiano trabalhava na Metal Industrial há exatamente quinze anos, estava velho como August, e era muito bom no que fazia. Ele não tomara o lugar de August quando o mesmo se aposentou, a mais de cinco anos, Fabiano era o auxiliar principal do novo presidente da firma. 
        Fabiano levava uma vida que nunca imaginou um dia ter. Era rico agora, e morava numa casa muito bonita e grande, próxima a mansão do seu velho amigo, que transformara sua vida. Fabiano também já estava para se aposentar. Estava desgastado o bastante, ia parar de trabalhar logo, quer dizer, não tão em breve, pois sua ânsia pelo dinheiro falava mais alto. Ele sabia que sua aposentadoria seria “menor” que o dinheiro que ele ganhava trabalhando. E por esse motivo continuava, mesmo em sua velhice. 
        Depois de um belo tempo, a monotonia da história de vida de August continuava. O sufocava. Sentia-se mal. Por que Isadora teve que morrer tão cedo? Por que aconteceu isso com Juliet? Coitada, o que devo fazer? Tenho que dar todo carinho e atenção para ela, o mesmo que Isadora daria se estivesse viva. 
        O ar naquela mansão já não era mais o mesmo, definitivamente. 
        Numa tarde, ao verificar a caixa de correio eletrônico de August, Abeline encontrou um e-mail de Valéria, imprimiu-o e levou até ele. 
        – Sr. August – disse ela entrando no confortável quarto. Ele se encontrava na cama, lendo um romance policial – chegou este e-mail para o senhor, é de Valéria. Acho que o senhor deveria lê-lo agora. 
        – Sim, Abeline, me dê, por favor. 
        Ela entregou a folha e retirou-se. August estranhou, pois ela sempre ficava para saber noticias de Valéria. Com certeza a morte dos pais de Juliet afetou todo mundo. 
        – Pobre menina – falou Abeline, ao vê-la deitada em seu quarto. Já não dormia direito fazia dias. 
        August leu e releu a “carta”. 
        – Como se já não bastasse – sussurrou ele. 
        Valéria estava extremamente triste pela morte da irmã também. No fim do e-mail, ela revelava que estava com dificuldades em criar seu filho, perdera o poder sobre ele. A culpa disso, talvez, fosse a ausência do pai... Mas no fundo, ela sabia perfeitamente que não era só isso, seus amigos eram ruins também, fizeram ele se revoltar. Nunca interferira nas amizades do garoto, no entanto, tinha medo de perder completamente o seu filho para os marginais. A decisão, porém, cabia somente a ele, em relação ao que se tornaria no futuro...

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